Jovens da geração Z se recusam a serem infelizes no trabalho, revela estudo. Mas de que jovem estamos falando?
Quando o assunto é felicidade, sempre esbarramos em diversas questões filosóficas. Para Platão, discípulo da razão, ser feliz seria definir e desejar o belo, colocando o plano de ataque na prática, ou seja, correr atrás do que se idealiza, seria uma maneira de melhor entendimento. Para a pessoa que está escrevendo, felicidade é ter paz (simples). E como sabemos, a felicidade é sim, subjetiva e inerente, assim como outros diversos sentimentos humanos.
O Relatório Mundial da Felicidade calcula a média do nível de contentamento da população em 146 países ao redor do mundo, considerando fatores como apoio social, expectativa de vida, liberdade na tomada de decisão, generosidade, PIB per capita, percepção de corrupção e impactos da Covid-19. O levantamento de 2022 aponta o Brasil com média de 6.3 e ocupando a 38ª posição, paralelo à média mundial de 5.6 de 10.
Ainda assim, existe um termômetro de felicidade ou infelicidade ideal comum entre as pessoas, sobretudo quando o assunto é trabalho. Chefes impacientes e grosseiros, acúmulo de tarefas, falta de perspectiva de crescimento na empresa, má remuneração, entre outros abusos que, vira e mexe, acabamos encontrando no meio do caminho, e convenhamos, não torna ninguém feliz.
Muito pelo contrário, despertam o que há de pior em nós e prejudicam nossa a saúde mental, algo que demorou muito tempo para ser amplamente discutido e levado a sério.
A geração baby boomer, os boomers, deixou de herança para a geração X, os millenials, um modelo engessado de ambições e vícios. E quando falamos isso de maneira geral, falamos desde o consumo de bebidas alcoólicas como status quo à aceitação de um comportamento abusivo e antiquado praticado por lideranças e gestores despreparados humanamente, mascarados por parte do colaborador de compreensão e do pensamento de que “é preciso engolir sapos nessa vida”.
Essa herança – ainda que capenga, uma vez que os modelos de trabalho estão cada dia menos formais – permeou por muito tempo, formando uma geração de profissionais cansados, insatisfeitos e confusos, formados para engolir sapos em prol de um crescimento profissional duvidoso.
Até agora, uma vez que a Geração Z, veio mostrar que prefere estar desempregada, a vivenciar experiências que a deixe infeliz no trabalho.
Mas afinal, quem é de fato a Geração Z?
Nascidos entre 95 e 2010, já pularam do berço com a tecnologia na palma da mão. Segundo dados da plataforma Innova Market Insights, um terço das pessoas entre 18 e 25 anos hoje não ingere bebidas alcoólicas, impulsionando um mercado de bebidas com zero ou baixo teor alcoólico, diferente das gerações anteriores, que consumiam bebidas mais fortes e em escala homérica.
Mas tanto a consciência em torno dos efeitos de substâncias nocivas ao organismo, quanto a hiperconexão com a internet, não a torna uma geração otimista. Tópicos como cyberbullying, fake news, padrões cada vez mais inalcançáveis provocados pelas redes e excesso de informação faz com que um em cada três Z’s acredite que a Internet tem influência negativa na sociedade, conforme pesquisa feita pela Cognizant, uma das empresas líderes mundiais em tecnologia e negócios.
Geração Z não aceita ser infeliz no trabalho
Diferentemente do que vivia grande parte dos profissionais da geração boomer, acostumados a engolir sapos e vivenciar situações de desgaste do ambiente de trabalho, os recém chegados da geração Z não aceitam insatisfação.
Foi o que mostrou um estudo feito pelo Workmonitor, da consultoria Randstad, que mostrou que de cerca de 56% da geração Z, quase dois em cada quatro profissionais, preferem ficar desempregados a trabalhar em um lugar que os deixe infelizes. E nem os millenials escaparam desse estudo, 55% da geração pós boomer disse que deixaria o emprego, se isso interferisse em suas vidas pessoais, apontou a pesquisa, que ouviu 35 mil profissionais em 34 mercados.
E isso tem uma justificativa plausível: a nova geração é motivada por propósitos e por coerência. Sabe aquela empresa que mostra um ideal publicamente, mas que internamente acaba sendo totalmente contraditória e acaba criando uma ideologia de fachada? Não passarão!
“Se eles (da geração Z) não encontram uma organização que está realizando essas mudanças em prol de uma nova economia, elas tendem a se desengajar rapidamente”, explica Pedro Paro, CEO e fundador da Humanizadas, que também é doutorando do Grupo de Gestão de Mudanças da Universidade de São Paulo (USP), para a Consumidor Moderno.
Tópicos como causas sócio ambientais, flexibilidade em relação ao formato de trabalho, liberdade e transparência estão entre os principais tópicos na hora de reter um talento da Geração Z, que caminha cada dia mais longe da crença meritocrática.
Outras questões levantadas
Em meio às discussões sobre o estudo que revelou o fato de uma geração que prefere estar desempregada a ser infeliz, outras questões foram levantadas. Quem são os representantes dessa geração, uma vez que no Brasil de 2022, a maior parcela dos jovens não pode abrir mão do emprego para ajudar na despesa da família?
Aqui percebemos que infelizmente, nem todos os membros de uma geração representam estudos que movem polêmicas nas redes sociais. Seria impossível para um jovem negro periférico qualquer escolha que não fosse o trabalho, por mais dura a rotina e os próprios preconceitos velados dia após dia.
O que cabe levar desta discussão inteira, é que parece interessante a possibilidade de conciliar trabalho e alegria, ao contrário do ditado contemporâneo que diz “trabalhe com o que ama, e nunca mais amará seu trabalho”. Ao mesmo tempo em que ainda temos um longo caminho a percorrer para que a felicidade seja um pote de ouro em um final de um arco íris justo para que todos os jovens possam ser felizes, independente de sua posição social.
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