Quais são todas as nuances do mkt do bem?
Já faz um tempo a comunicação em geral deixou de ser uma via de mão única na qual o veículo expunha seu conteúdo para o público e pronto, a relação morria por aí, salvo raras interações com os leitores, ouvintes e telespectadores.
Há cerca de vinte e poucos anos, ainda tínhamos à disposição apenas as mídias tradicionais como jornais, revistas, rádio e TV. Com o crescimento da internet nos anos 90, a via de mão única começou a ganhar a faixa dupla, mas ainda de forma tímida. No início dos anos 2000 os sites e blogs se proliferaram, mas foi só com o avanço da banda larga, do mobile e a chegada estrondosa das redes sociais que a via se tornou um grande complexo viário, onde a notícia, o entretenimento e a publicidade tem ponto de partida, mas não tem destino certo.
Vamos tomar como exemplo um furo de reportagem num telejornal. Em tempo real ele é comentado e debatido nas redes sociais como Instagram e Facebook, no dia seguinte temos artigos com críticas positivas e negativas em blogs e sites que também são compartilhadas.
Vídeos sobre o assunto pipocam no YouTube, outros espalham-se pelo Whatsapp. Devido à grande repercussão, rádios, jornais, revistas e canais de TV começam a abordar o assunto com mais ênfase, grupos pró e contra argumentam em todos os sites, blogs e redes possíveis, eventos para debater e protestar são marcados por toda parte e aí por diante.
O mesmo acontece com uma cena de novela, um evento esportivo ou com uma peça/ação publicitária. Basta um estopim e a explosão está garantida.
As novas mídias empoderaram o cidadão comum, deram amplificadores às vozes que antes não tinham alcance, as novas tecnologias permitem o compartilhamento de conhecimento (knowledge sharing) por meio de sites, blogs, vídeos e documentários a respeito dos mais variados temas. A mesa de bar agora tem quilômetros de extensão e nela estão sentadas pessoas de culturas, raças, sexos, crenças e condições sociais diferentes, falando sobre assuntos diversos.
Os veículos perderam a condição de donos da bola e estão se adaptando à nova realidade. Da mesma forma, as empresas, muitas vezes aos trancos e barrancos, estão percebendo a importância em ser cada vez mais verdadeiras e responsáveis ao agir e ao falar com seus clientes e a sociedade como um todo.
O blog da Freela te convida a entender o novo cenário de livre informação, debate e produção de conteúdo. Um solo fértil para o Mkt do bem. E saiba que a tendência é que ele se desenvolva cada vez mais rápido.
As escolas e o mkt do bem
É inegável a influência que as escolas têm na vida das pessoas, passamos praticamente metade de nossas infâncias e adolescências, além de parte da juventude (se contarmos a Faculdade) dentro do ambiente escolar, que colabora na formação de nossa personalidade e onde adquirimos grande parte do nosso conhecimento e da nossa compreensão sobre o mundo, a sociedade e o nosso papel dentro dela.
É inegável também o atraso do modelo de ensino atual em comparação à imensa evolução que acompanhamos nos últimos 100 anos nas mais diversas esferas do conhecimento.
Embora muitas escolas estejam se mobilizando neste sentido no Brasil e no mundo (felizmente tivemos e temos a oportunidade de trabalhar com algumas delas), há um longo caminho a ser percorrido, ainda mais levando em conta o número de escolas particulares acomodadas em seus métodos com cheiro de naftalina e todos os problemas que temos em nosso ensino público.
No entanto, o objetivo aqui não é apontar falhas atuais, mas reafirmar o papel decisivo da escola para um futuro mais sustentável e mostrar caminhos para isso se concretizar.
Escolas também são empresas, muitos não gostam de olhar desta maneira, mas acreditamos que não há nada de mal nisso, pelo contrário, são empresas com uma responsabilidade maior do que o normal, pois o “produto final” é a formação de alunos, a formação de novos cidadãos para o mundo. E que tipo de cidadão queremos formar?
Qual o caminho a ser seguido?
As escolas precisam adotar o MKT do Bem e começar a pensar em como melhorar seu serviço, como entregar de fato um cidadão consciente nas questões ambientais e sociais.
Não estamos falando apenas em dar algumas aulas sobre o assunto (isso pode ser considerado um tipo de Greenwashing), estamos falando em dar o exemplo, literalmente. A seguir estão apenas alguns pontos, queremos falar mais profundamente sobre este assunto, talvez num outro ebook, podendo contar com a ajuda de profissionais da área.
Sustentabilidade
É comum os alunos terem aulas sobre reciclagem, meio ambiente, verem cartazes espalhados pela escola dizendo para economizarem luz e água.
O que não é normal é encontrar uma escola que possui captação de água da chuva (não só para lavar o pátio), energia solar, uma horta que abastece parte das refeições, uma escola que evita o desperdício de papel utilizando os meios digitais para emitir relatórios, documentos, pagamentos, uma escola que incentiva um deslocamento mais consciente, com caronas entre os pais, estacionamento para bicicleta, incentivo para quem vai à pé, ou uma escola que neutraliza o carbono emitido em sua operação comprando créditos de carbono, etc.
Alimentação
Há tempos o assunto alimentação vem sendo negligenciado na maioria das escolas. A má alimentação definitivamente é um grande mal do nosso tempo, responsável pelo aumento nos índices de obesidade e nos casos de diabetes, câncer, problemas cardíacos, etc.
Vivemos numa sociedade patrocinada pela indústria farmacêutica e, como tal, não nos importamos em evitar as doenças, mas sabemos de cor quais são os remédios para tratá-las.
De novo, em sala de aula, aprendemos que é importante ter uma alimentação balanceada, porém o discurso vai por água abaixo quando toca o sinal do recreio.
Pouquíssimas escolas têm a coragem de assumir a responsabilidade pela alimentação dos seus alunos e controlar tanto o que se vende nas cantinas como o que se traz de casa.
A maioria se esconde atrás da desculpa de que valoriza a liberdade e a livre escolha, o problema é que sem informação não existe escolha consciente. Então que tal comprar esta briga e passar a investir em aulas, palestras e orientação nutricional tanto para alunos como para os pais e oferecer apenas opções saudáveis dentro de seus muros?
Faculdades
As Faculdades e Universidades também podem ser protagonistas no desenvolvimento do MKT do Bem.
Cursos de Mkt, Publicidade e Administração
Estes cursos têm o MKT como elemento central e formarão grande parte dos encarregados dessa função nas empresas, sendo assim, precisam voltar boa parte de seus esforços para inserir esta nova mentalidade em suas aulas no decorrer de todo o curso.
Praticamente todos os cursos possuem aulas de mkt, mesmo que superficiais. Mas não é só neste momento que eles podem incluir o MKT do Bem, cada curso tem suas especificidades, por exemplo:
Engenharia Civil
Construções sustentáveis, materiais reciclados, desenvolvimento das comunidades do entorno, redução dos impactos ambientais.
Medicina
Ênfase em medicina preventiva e alimentação como formas de evitar doenças, gestão sustentável de hospitais e consultórios, trabalho sólido com comunidades carentes por parte dos profissionais, clínicas e hospitais particulares.
Contexto histórico
Essa história toda da obsolescência programada começou por volta de 1920 quando criou-se um cartel de indústrias de lâmpada para diminuir a tempo de vida delas. Confira tudo no documentário “Obsolescência Programada” (The Light Bulb Conspiracy) da cineasta alemã Cosima Dannoritzer.
Não poderíamos deixar de tratar deste assunto, uma vez que ele impacta tanto a sociedade quanto o meio ambiente.
É uma questão delicada visto que o sistema capitalista como um todo é voltado para o lucro. No entanto, é hora de parar para refletir: lucro a qual custo? Antes de tentar sugerir soluções, vamos esclarecer: o que é Obsolescência Programada? Veja estas frases:
• Nossa, na minha época as máquinas de lavar não quebravam assim por qualquer motivo.
• Acabaram de lançar o celular XY7.0, acho que vou comprar porque o meu XY6.5 Já está ultrapassado.
• Fui consertar o computador, mas no final era mais barato comprar um novo.
Temos dois fatos claros:
Produtos quebrando fácil e forçando as pessoas a comprarem um novo. Produtos, softwares e hardwares tornando-se obsoletos e deixando as pessoas obcecadas pelo novo, pelo último modelo, passando a considerar seus bens ultrapassados e descartando produtos quase novos.
Que acarretam duas consequências:
Aumento da cultura do consumismo, da busca por status, prazer e felicidade através do consumo. Toneladas de lixo sendo descartadas sem que sejam reaproveitadas, geralmente em países de terceiro mundo que recebem containers de lixo todos os dias.
Como combater esses fatos?
Não existe uma resposta pronta de como o MKT do Bem pode ajudar a mudar este cenário, muitas atitudes podem ser tomadas por empresas nos mais diversos setores e segmentos, abaixo algumas sugestões:
1– Se as empresas levassem a sério a logística reversa, sendo responsáveis por recolher todos os produtos em desuso e reaproveitando-os de alguma forma, certamente diminuiríamos o impacto ambiental.
2– Empresas de celular e computador poderiam entrar em um acordo do bem para padronizar peças como carregadores de bateria, dessa maneira diminuindo o número de carregadores produzidos e jogados fora todos os anos. O tempo entre o lançamento de um aparelho e sua nova versão poderia ser estendido, além de trazer melhorias reais e todas de uma vez, não uma a cada semestre.
3– Escolas podem e devem ser grandes aliadas na construção deste novo jeito de pensar, elas podem colaborar de várias formas, uma delas seria colocando em suas grades assuntos como consumismo, sustentabilidade e educação financeira, mas de forma séria e profunda.
Marketing do Bem e o fim da era “ah isso para mim é puro marketing”
Quantas vezes você já disse ou escutou a expressão “ah, isso não passa de puro marketing” ou “isso para mim é só marketing”?
A culpa pela deterioração da palavra marketing é dos próprios profissionais de mkt, publicitários, empresas e partidos políticos que por décadas se utilizaram dele de forma abusiva, em benefício de seus produtos, serviços ou discursos, propagando muitas vezes mentiras e minando a confiança dos cidadãos/consumidores/eleitores, que passaram a encarar o termo como sinônimo de falsidade, embuste, manipulação e oportunismo.
Vamos combinar o seguinte, ao invés de dizer “isso está me cheirando a marketing”, daqui em diante diga “isso está me cheirando a marketing antigo”.
Porque é exatamente isso o que seu faro está sentindo, cheiro de coisa velha, que está perdendo a validade, perdendo a força e o espaço para dar lugar a uma nova forma de pensar e agir de empresas que realmente estão pensando em um mundo melhor, realmente dispostas a adotar o Mkt do Bem.
Mas afinal, o que é o mkt do bem?
MKT do Bem é um mindset (modelo mental) que age diretamente nos valores, nas políticas administrativas e de governança de uma empresa e em suas relações com clientes, colaboradores, parceiros, fornecedores, investidores, governo e todos os stakeholders envolvidos, a fim de:
- Diminuir seu impacto ambiental
- Aumentar seu impacto social positivo
- Melhorar a qualidade do seu produto/serviço em prol do consumidor
- Estabelecer propósitos reais que beneficiam a sociedade e o planeta e que não sejam feridos em prol do lucro
- Criar uma relação verdadeira e transparente com clientes, parceiros e funcionários
O MKT do Bem é capaz de mudar a razão de existir de uma empresa e transformar seus produtos e serviços. Diferentemente do mkt convencional (ou antigo), ele não atua apenas nos 4Ps, ele constitui o DNA do negócio e serve de baliza para todas as decisões, ao longo de toda a cadeia.
O MKT do Bem é aplicável a qualquer negócio, alguns já nascem com o DNA mais preparado, outros precisam encontrar um propósito real e ajustar uma série de processos.
É comum que que ele seja implantado gradualmente sendo que, até empresas já muito avançadas no assunto, sempre tenham algum ponto frágil a melhorar. É possível traçar um plano de longo prazo seguindo a lógica – ser melhor hoje do que fui ontem, ser melhor amanhã do que fui hoje.
Novo pensamento no contexto mundial atual
É importante ressaltar que a maioria das empresas que ainda não se encaixam no MKT do Bem são muito boas e corretas. Elas empregam várias pessoas, pagam os impostos, possuem um produto/serviço de boa qualidade, se relacionam de forma satisfatória com os clientes.
Mas este novo pensamento do qual estamos falando enxerga além, coloca as empresas como protagonistas da mudança na sociedade e no planeta e isso exige um comprometimento e atitudes para além do básico.
Sabemos que não é de um dia para outro que se salva o mundo. Por outro lado, não é apenas realizando uma ação social ou ambiental pontual ou “de fachada” e divulgando-a a esmo, que sua empresa se torna DO BEM. Quando isso acontece, voltamos a sentir aquele cheiro de MKT Antigo, aquela suspeita de que está rolando um belo Greenwashing!
Greenwashing é mais um fruto do MKT Antigo, aquele que usa de suas estratégias apenas em benefício da própria empresa.
Greenwashing, ou lavagem cerebral verde, é a “arte” de parecer legal, sem ser efetivamente. A expressão é mais comumente utilizada nos casos que envolvem o meio ambiente, mas preferimos adota-la sempre que detectamos algo que fere o MKT do Bem em qualquer que seja a esfera. Fique atento, sempre que perceber uma contradição, mentira ou desequilíbrio entre divulgação e benefício real, ligue a sirene do Greenwashing detected.
Se interessou? Baixe o ebook completo e gratuito – MKT do Bem – A era do mkt e da comunicação onde os falsos não têm vez.